Até esse momento, a característica básica da relação do ser humano com as máquinas é o fato desta ser sempre uma relação utilitarista-instrumental. A tecnologia aparece como neutra, está posta a serviço do homem, sendo definida socialmente em função do uso que será dado a ela.
Vivemos hoje um outro momento dessa relação homem-máquina. Essa nova perspectiva poderia ser sintetizada por uma única palavra: imbricamento. Poderíamos, nessa perspectiva, entendê-la como sedo centrada no fazer da razão (a techné do logos). Máquinas e seres humanos aproximam-se cada vez mais e, principalmente, passa-se a compreender que as máquinas surgem a partir do mesmo processo social que constitui o humano.
Assim percebemos que mudam as perspectivas de interação, uma vez que somos obrigados a incorporar essas múltiplas possibilidades de interação. O conhecimento científico passa a estar impregnado de novas dimensões conceituais, não mais centradas na simetria. Os métodos passam a ser outros, afasta-se, assim, a possibilidade do controle absoluto, tanto das variáveis como dos fenômenos. É possível buscar novos contornos para o conhecimento científico e, com isso, analisar as questões educacionais e o uso que estamos dando, na educação para as tecnologias de informação e comunicação (TICs).
A relação com o ser humano passa a ter uma outra dimensão, a partir do momento em que passamos a ter máquinas que buscam imitar o modelo de funcionamento da mente humana, essa relação máquina-ser humano passa a ganhar novos contornos.
Ao pensarmos nas pedagogias correspondentes a esse novo momento, não podemos imaginar a possibilidade de uma pedagogia centrada na lógica da assimilação. Ao contrário, precisamos pensar na possibilidade de pedagogias que nos dêem condições de trabalhar com a diferença enquanto elemento fundante do processo humano. O simples domínio da técnica não possibilita o uso da tecnologia no seu sentido pleno.
Com trabalho em redes, as telas assumem as novas interfaces intra-humanos, cria-se uma nova sociabilidade que, de um lado, pode afogar as individualidades; de outro, pode ser uma potencialização das mesmas. A linguagem das novas tecnologias baseia-se fundamentalmente em ver mais que ler e sentir antes de compreender. A multitarefa são as normas, os símbolos ditam as regras e as comunicações tornam-se mais rápidas.
Precisamos pensar na dimensão social da ciência e da técnica e, com isso, superar a concepção de sermos apenas consumidores dessas tecnologias e sim etendê-las como fruto de uma produção social. O uso que pode ser dado a essas tecnologias vai depender do tipo de sociedade que temos e, principalmente, do tipo de sociedade que queremos.
O que se busca, a partir desse enfoque, é a construção de um novo espaço educacional e comunicacional que tenha como bases essas redes de relações. Assim o substrato dessa nova escola será a diferença e não a identidade.
O conhecimento passa então a ser trabalhado como um espaço acontecimental, na singularidade do que acontece, com sentido e, ao mesmo tempo, ao nível da linguagem, num outro espaço, o das proposições, numa topologia de vizinhança das interações humanas. A aprendizagem seria dada pela interpenetração desses espaços através da intensidade e do sentido. A escola passa a se constituir num espaço aberto de interações não-lineares, ao contrário da perspectiva dominante, em vez de formar para o mercado, trabalhe numa perspectiva de fortalecimento da rebeldia.
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